19ª Edição do Prêmio Capes premiará esalqueano

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Francisco Ruiz | Crédito: Gerhard Waller

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) revelou, no final de agosto, o resultado preliminar do Prêmio Capes de Tese 2024. O prêmio reconhece os melhores trabalhos de conclusão de doutorado no Brasil na temporada 2023

A pesquisa Carbon sequestration and mechanisms of soil organicmatter stabilization in Technosols construted for mine reclamation, foi uma das agraciadas com Menção Honrosa, na área de Ciências Agrárias. Seu autor, Francisco Ruiz, cumpriu doutorado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), tendo como orientador, Tiago Osório Ferreira, docente do Departamento de Ciência dos Solos.

A avaliação considera a originalidade, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural e social, metodologia utilizada, qualidade da redação, organização do texto e qualidade e quantidade de publicações decorrentes da tese.

A solenidade de entrega do Prêmio Capes de Tese ocorrerá em dezembro.

A pesquisa

A pesquisa buscou uma solução inovadora para a recuperação de áreas degradadas pela mineração. O expediente encontrado resultou na criação de Tecnosolos, que são solos produzidos a partir de resíduos urbanos, industriais e de matérias descartados pela mineração. A alternativa ocorreu diante dos grandes desafios da atualidade, como as mudanças climáticas e degradação dos solos.

Embora a mineração seja essencial para a economia, ela provoca significativos impactos ambientais. Ao remover solos e vegetação, o processo contribui para o aumento das emissões de carbono e a perda de biodiversidade. Nesse contexto, os Tecnossolos surgem como uma alternativa promissora, transformando resíduos em solos férteis e capazes de armazenar carbono, mitigando assim os danos ambientais associados à mineração.

Além de restaurar solos degradados, essa estratégia também pode auxiliar na redução das emissões de gases de efeito estufa, questão central nas discussões sobre o aquecimento global. A diversidade de resíduos disponíveis da mineração abre inúmeras possibilidades para criar solos que sequestram carbono e restauram áreas degradadas. Além disso, ajudam a restaurar serviços ecossistêmicos essenciais, como a ciclagem de nutrientes, a regulação do ciclo da água e a conservação da biodiversidade, tornando-se uma solução viável não apenas no Brasil, mas para qualquer país com extensas áreas mineradas.

Vale destacar que os experimentos conduzidos nesta pesquisa utilizaram técnicas avançadas para compreender como os Tecnossolos estabilizam a matéria orgânica,  componente essencial para a saúde do solo e sequestro de carbono. Descobriu-se que, em apenas 20 anos, os Tecnossolos criados a partir de resíduos de mineração podem transformar áreas degradadas em solos férteis e funcionais, com estoques de carbono até mesmo maiores que os solos naturais adjacentes. Estimou, ainda, que a recuperação de áreas mineradas com Tecnossolos, em todo o Brasil, poderia reduzir até 60% das emissões de carbono associadas à perda de solo e vegetação decorrentes da atividade mineradora.

A pesquisa em questão está vinculada ao Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical, cuja missão é desenvolver soluções e estratégias inovadoras em agricultura tropical sustentável, baseada em carbono, para mitigar as mudanças climáticas e melhorar os padrões e condições de vida. Os coordenadores do CCarbon são os professores Carlos Eduardo Pellegrino Cerri e Maurício Cherubin, que colaboraram em artigos provenientes da tese de doutorado.

Texto: Alicia Nascimento Aguiar | MTB 32531 | 12.09.2024