

Na maior parte do território nacional, as temperaturas máximas ficaram entre 29°C e 31°C
Durante o mês de março, os maiores volumes de chuvas acumuladas continuaram na região Norte, com valores acima de 240 mm; na regiao, exceção foram os estados de Roraima e Tocantins, onde as chuvas acumuladas atingiram aproximadamente 120 mm. Na região Nordeste, volumes acima de 240 mm também foram registrados nos estados do Maranhão e Ceará. No Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí e Pernambuco, os acumulados foram de aproximadamente 180 mm, enquanto nos estados da Bahia e Sergipe os volumes permaneceram abaixo de 60 mm na maior parte do território. No Centro-Oeste, registrou-se grande irregularidade, com volumes variando entre 60 mm e 240 mm. Nas regiões Sudeste e Sul, os volumes ficaram entre 60 mm e 90 mm na maior parte dos estados, com os menores volumes acumulados, de 30 mm a 60 mm, no Rio Grande do Sul e em alguns pontos do centro de Minas Gerais. Já em algumas áreas do centro e leste de Santa Catarina, os volumes ficaram entre 210 mm e 240 mm.
O armazenamento de água no solo permaneceu acima de 90% na maior parte da região Norte. Em Roraima, os níveis foram mais baixos, variando entre 60% e 75%, com áreas no centro do estado apresentando umidade do solo entre 30% e 45%. Em Tocantins, o armazenamento variou entre 75% e 90% na maior parte do território. Na região Nordeste, no Maranhão, o armazenamento permaneceu elevado, com a maior parte do estado registrando umidade acima de 90%. No Piauí e no Ceará, houve grande variabilidade, com valores entre 30% e 75%. No Rio Grande do Norte, o armazenamento ficou entre 30% e 45%, enquanto em Pernambuco e na Paraíba os níveis foram mais baixos, variando entre 15% e 30%. Nos demais estados do Nordeste, a maior parte do território apresentou armazenamento abaixo de 15%, com melhores condições de umidade nas regiões oeste desses estados. No Centro-Oeste, o estado do Mato Grosso e a região noroeste do Mato Grosso do Sul registraram os maiores níveis de armazenamento, entre 60% e 75%. Já no Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal, a umidade ficou entre 45% e 60%. Na região Sul, os estados do Paraná e Santa Catarina apresentaram umidade do solo entre 45% e 60%. No Rio Grande do Sul, os níveis foram mais baixos, variando entre 30% e 45%.
Na maior parte do território nacional, as temperaturas máximas ficaram entre 29°C e 31°C. No Acre, sudoeste do Amazonas, grande parte do Pará e Santa Catarina, as máximas variaram entre 27°C e 29°C. Já temperaturas entre 31°C e 33°C foram registradas no norte de Roraima, na maior parte da região Nordeste e em algumas áreas de Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
As temperaturas mínimas ficaram entre 23°C e 25°C em grande parte da região Norte e em algumas áreas pontuais da região Nordeste. Em Goiás, na região Sudeste e na região Sul, os valores ficaram entre 19°C e 21°C. Minas Gerais registrou as menores mínimas médias, com variações entre 17°C e 19°C em algumas áreas. No restante do território nacional, as mínimas oscilaram entre 21°C e 25°C.
TEMPO E AGRICULTURA BRASILEIRA
Soja
A despeito do atraso inicial nas operações de colheita, as projeções para a safra 2024/25 de soja permanecem favoráveis, com estimativa de incremento de 13,3% na produção em comparação à safra 2023/24, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na segunda quinzena de março, a colheita alcançou aproximadamente 76,4% da área total cultivada, superando em 10,1 pontos percentuais (p.p.) o valor registrado no mesmo período de 2024, o que demonstra uma reversão no cenário de atraso inicial. Esse avanço pode ser atribuído, predominantemente, às condições climáticas favoráveis observadas ao longo de março no Mato Grosso e Goiás, que possibilitaram a retomada das operações e a intensificação do ritmo de colheita. Além disso, a safra tem se destacado pela elevada qualidade dos grãos e pelo recorde de produtividade nos estados do Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, consolidando um desempenho positivo para a produção agrícola da região.
No estado de Mato Grosso, a colheita da soja atingiu 99,48% da área total cultivada, conforme dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) (Figura 1), superando em 2,5 p.p. a média dos últimos cinco anos. Esse desempenho evidencia a aceleração das operações em campo após um período de elevados volumes pluviométricos. Além disso, a estimativa inicial de produção do Instituto foi revisada para cima, apresentando um aumento de 5,22% em relação à projeção anterior, impulsionada pelas condições climáticas favoráveis durante a maior parte do ciclo da cultura. No entanto, o IMEA ressalta a incidência de grãos avariados em determinadas regiões, consequência do impacto das chuvas excessivas na fase final do desenvolvimento da lavoura.
No estado do Mato Grosso do Sul, a colheita da soja atingiu 85% da área cultivada, registrando um atraso de 5 pontos percentuais em relação à safra de 2023/24. De acordo com levantamento da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), essa defasagem é atribuída ao ciclo precoce da safra anterior, resultante de uma estiagem severa e temperaturas elevadas. No entanto, espera-se que, com a intensificação das operações durante o pico da colheita, os índices se normalizem. Além disso, a regularização das chuvas entre o final de fevereiro e o início de março contribuiu para a finalização do ciclo das lavouras em condições consideradas boas ou regulares. Diante desse cenário, as projeções para a safra permanecem favoráveis, com estimativa de um crescimento de 6,8% na produção em comparação ao ciclo anterior.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o último decêndio de março, a colheita da soja em Goiás atingiu 90% da área total cultivada, favorecida pela redução do volume de chuvas. Apesar das condições climáticas contribuírem para a preservação da qualidade dos grãos e para a eficiência das operações de secagem e armazenamento, algumas lavouras apresentaram redução no potencial produtivo devido ao veranico ocorrido em fevereiro. Esse período de estiagem impactou o desenvolvimento das plantas em estágios críticos, resultando em perdas localizadas na produtividade.
No estado do Paraná, a colheita da soja aproxima-se da fase final, com 81% da área total já colhida, conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral/PR) (Figura 1). Dentre as lavouras remanescentes, a maioria encontra-se em fase de maturação (76%), enquanto 24% ainda estão em desenvolvimento. A colheita tem se concentrado predominantemente na porção sul do estado, uma vez que outras regiões enfrentaram adversidades climáticas ao longo do ciclo, resultando em uma redução do potencial produtivo. Por outro lado, as chuvas registradas ao longo de março beneficiaram as lavouras semeadas tardiamente, que ainda estão na fase de enchimento de grãos, favorecendo o desenvolvimento dessas plantas e contribuindo para a manutenção da produtividade em algumas áreas.
Em Santa Catarina, a colheita da soja atingiu aproximadamente 45% da área total cultivada. No entanto, a redução do volume de chuvas no estado tem impactado negativamente o desenvolvimento das lavouras, especialmente na região Oeste, onde a irregularidade hídrica já havia comprometido as fases de florescimento e enchimento de grãos. Diante desse cenário, espera-se uma revisão para baixo das estimativas de produção da safra no estado, refletindo as adversidades climáticas enfrentadas ao longo do ciclo da cultura.
No Rio Grande do Sul, a colheita da soja avança em ritmo lento, com apenas 19% da área total colhida. As precipitações irregulares, aliadas às elevadas temperaturas, têm agravado os sintomas de déficit hídrico, resultando no enrolamento foliar e no abortamento de flores. Apesar das chuvas registradas ao longo de março, os volumes acumulados foram insuficientes para suprir a demanda hídrica da cultura. Em resposta a esse cenário adverso, alguns produtores têm recorrido à aplicação de fertilizantes foliares na tentativa de estimular o desenvolvimento vegetativo das lavouras tardias. Segundo a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS), as regiões do Noroeste e do Planalto Médio têm sido as mais impactadas pela escassez hídrica e pelas temperaturas elevadas, o que resultou em uma revisão negativa da estimativa de produtividade no estado, reduzindo-a de 3.179 kg/ha para 2.240 kg/ha.
No Oeste da Bahia, a colheita já alcançou 80% da área total cultivada, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) destaca que as lavouras semeadas entre outubro e novembro apresentam um desempenho produtivo superior, refletindo um avanço significativo das operações de colheita. Esse resultado está diretamente associado às condições climáticas favoráveis tanto durante a janela de cultivo quanto na fase final da safra, colocando o progresso da colheita cerca de 40 pontos percentuais à frente em comparação ao mesmo período da safra anterior.
No Maranhão, a colheita caminha para a fase final na porção Sul do estado, ao passo que se inicia na porção Oeste. Já no Piauí, algumas lavouras começam a apresentar sintomas do déficit hídrico ocorrido em fevereiro, o que tem impactado negativamente o potencial produtivo da cultura.
Milho 1ª safra
As operações de colheita do milho primeira safra avançam na maioria dos estados produtores, alcançando aproximadamente 48% da área total cultivada até o último decêndio de março.
Em Santa Catarina, apesar das temperaturas elevadas e das chuvas esparsas registradas ao longo do ciclo, as lavouras da primeira safra de milho apresentam condições favoráveis, com expectativa de incremento de 32% na produtividade em comparação à safra anterior. Até o momento, a colheita avançou sobre 63% da área total, enquanto as lavouras remanescentes encontram-se majoritariamente em fase de maturação (87%) e floração (7%), sendo que 94% delas são classificadas como estando em boas condições agronômicas.
No Paraná, a colheita já atingiu 84% da área cultivada, registrando produtividade acima das expectativas e alcançando a maior média da série histórica do estado (Figura 2). Já no Rio Grande do Sul, a colheita da primeira safra de milho chegou a 74% da área total, no entanto, houve uma redução de 3,5 pontos percentuais na produtividade em relação às primeiras estimativas da Emater/RS, especialmente em áreas que foram semeadas fora da janela ideal. Apesar dessa queda inicial, ainda se aguardam os resultados das lavouras semeadas tardiamente, uma vez que as chuvas ocorridas em fevereiro e março contribuíram para a recuperação do potencial produtivo dos grãos nessas áreas.
De acordo com a Conab, em Minas Gerais a colheita do milho atingiu 38% da área total cultivada (Figura 2). Apesar das perdas no potencial produtivo em decorrência do atraso na semeadura, as projeções de produção para o estado permanecem otimistas e com uma projeção otimista de produtividade. No Piauí, começam a ser observados sintomas de déficit hídrico em algumas lavouras, o que pode impactar o desenvolvimento da cultura e a produtividade final. Em contrapartida, no Maranhão, as lavouras continuam a se desenvolver em condições adequadas, favorecidas pelo regime climático até o momento.
Milho 2ª safra
A semeadura da segunda safra de milho já foi praticamente finalizada nos principais estados produtores, impulsionada pelo avanço na colheita da soja resultante do baixo volume de chuvas no final de fevereiro e início de março.
No Mato Grosso, a semeadura já foi quase finalizada (Figura 3) de acordo com dados do IMEA. As lavouras apresentam boa condição de desenvolvimento, favorecidas pela distribuição de chuvas no estado que permitiram armazenamento satisfatório de água no solo. No Mato Grosso do Sul, de acordo com a Aprosoja/MS, a semeadura foi realizada em 68,9% da área, valor 8,5 p.p. abaixo do registrado na safra anterior. Esse atraso na semeadura pode dificultar a implantação e desenvolvimento de lavouras mais tardias, especialmente no oeste e sul do estado, considerando a tendência de redução no volume de chuvas a partir do segundo decêndio de março.
Em Goiás, segundo a Conab, a semeadura já foi concluída, com 9,3% das lavouras em fase de emergência e 82,5% em desenvolvimento vegetativo. No entanto, o baixo armazenamento de água no solo comprometeu o estabelecimento das lavouras em emergência, enquanto a escassez de chuvas reduziu a eficiência da adubação de cobertura em algumas regiões do estado.
No Paraná, segundo o Deral/PR, a semeadura está quase sendo finalizada, apresentando atraso nas operações com relação à safra passada devido à baixa umidade do solo, especialmente no primeiro decêndio de março. O baixo volume de chuvas registrado no início do mês juntamente com as elevadas temperaturas prejudicaram o desenvolvimento inicial do milho, e resultaram em estande irregular em algumas áreas, o que resultará em queda na produtividade. Porém, a maior parte dos danos foi atenuada em áreas onde ocorreram bons volumes de chuvas na segunda metade do mês. Já em regiões com volumes insuficientes, as perdas foram significativas.
Feijão 1ª e 2ª safras
A colheita da 1ª safra de feijão já foi realizada em 65,9% das áreas, restando ser finalizada no Piauí, Bahia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Com relação ao feijão 2ª safra, a semeadura avança, tendo sido finalizada no Mato Grosso, Santa Catarina e Paraná.
Em Santa Catarina, a colheita da 1ª safra já está praticamente finalizada, com 82% da área colhida, segundo a Epagri/SC. O baixo volume de chuvas aliado às temperaturas mais elevadas, especialmente no início de março, favoreceu a maturação das lavouras. Por outro lado, em algumas áreas com desenvolvimento mais tardio, a falta de chuvas prejudicou o enchimento de grãos. Com relação à 2ª safra, as altas temperaturas e a escassez de chuvas no primeiro decêndio de março afetaram o desenvolvimento vegetativo das lavouras. No entanto, a queda nas temperaturas e o retorno de um bom volume de chuvas no final do mês ajudaram a evitar perdas mais significativas.
No Paraná, as previsões para a redução na área destinada à 2ª safra se concretizaram, segundo o Deral/PR. O baixo volume de chuvas e as altas temperaturas resultaram em plantas com baixo vigor vegetativo em áreas que foram semeadas mais cedo e as plantas já entraram na fase reprodutiva de desenvolvimento.
No Rio Grande do Sul, a colheita já foi realizada em 65% das áreas, apresentando bom potencial produtivo, segundo a Emater/RS. Com relação à 2ª safra, a área cultivada foi menor do que a projetada, devido a dificuldades na semeadura pelo baixo armazenamento de água no solo e os baixos preços do grão no mercado, desencorajando o seu cultivo.
Em Minas Gerais, segundo a Conab, a colheita do feijão 1ª safra foi concluída, apresentando bom rendimento. Já a semeadura da 2ª safra segue em andamento, favorecida pelo retorno das chuvas no segundo decêndio de março.
Arroz
Com a finalização da semeadura da safra de arroz 2024/25, as operações de colheita estão avançando, especialmente nas áreas onde a semeadura foi realizada mais cedo. De acordo com a Conab, a colheita já alcançou cerca de 44,3% da área total destinada, e as lavouras remanescentes encontram-se predominantemente em fase de maturação (41,2%) e enchimento de grãos (9,5%). As expectativas são positivas, com previsão de um aumento de 14,3 pontos percentuais na produção em relação à safra anterior.
Em Santa Catarina, a colheita já atingiu cerca de 80% da área prevista, com a qualidade do grão sendo favorecida pelas condições climáticas favoráveis ao longo do ciclo da cultura. Segundo a Epagri/SC, espera-se que a produção seja 9,52% superior à da safra anterior, que foi prejudicada por excesso de chuvas e baixa luminosidade, o que limitou o desempenho das lavouras.
No Rio Grande do Sul, as chuvas ocorridas no segundo decêndio de março impactaram as operações de colheita, reduzindo a velocidade no campo. Observou-se uma leve redução na quantidade de grãos inteiros, devido ao impacto das altas temperaturas nas fases reprodutivas, que são sensíveis ao estresse térmico. De acordo com dados da Emater/RS, alguns produtores seguiram com o manejo fitossanitário, realizando aplicações de fungicidas e inseticidas. De forma geral, as condições das lavouras e a qualidade dos grãos variam significativamente, com algumas áreas apresentando rendimento inferior a 50%, enquanto outras superam 60%.
Em Goiás, a colheita alcançou 59% da área total, concentrando-se principalmente nas áreas irrigadas por pivô central, com bons resultados de produtividade. No Mato Grosso, a colheita segue avançando, atingindo 20,7% da área. Pode-se dizer que as lavouras apresentam bom desenvolvimento e fitossanidade, com as condições climáticas favorecendo as operações de colheita.
No Tocantins, segundo dados da Conab, as lavouras estão predominantemente nas fases de enchimento de grãos e maturação, enquanto no Maranhão, as lavouras em sequeiro estão avançando para o desenvolvimento vegetativo e floração, com as condições climáticas favorecendo o crescimento da cultura.
Com informações do Sistema TEMPOCAMPO (31/03/2025)